No aniversário de 20 anos da conquista do maior título da história do Guarani, José Ademar Melchior recorda a campanha e os episódios que levaram o troféu para o Edmundo Feix. Zecão era o presidente em 2002 e foi o responsável por ligar para Mano Menzes depois da campanha negativa no primeiro turno. A troca no comando técnico ocorreu faltando uma rodada para o término da primeira fase. O Guarani era o lanterna e estava distante cinco pontos do penúltimo colocado.
O passo-sobradense, que tinha acabado de sair de um trabalho de dois anos na base do Inter, viu o celular tocar no início da madrugada chuvosa, deixou Santa Cruz e iniciou o deslocamento para Venâncio Aires. O objetivo era impedir o rebaixamento, mas garantiu o segundo turno. Nas semifinais, o Rubro-negro empatou em 1 a 1 com o 15 de Novembro e, depois de nova igualdade na prorrogação e por ter a melhor campanha, avançou para decisão.
Em uma reunião na Federação Gaúcha de Futebol (FGF) na semana anterior, em Porto Alegre, as diretorias discutiram os escalados para realizarem a arbitragem das finais. Zecão recordou uma provocação no encontro. “O presidente do São Gabriel disse para mim: ‘Me serve o teu meia Alexandre e o zagueiro para disputar a Copa Brasil’. Naquele dia, já entregou a taça para o presidente do São Gabriel e ele levou no dia do jogo”, expôs.
O primeiro jogo da final, disputado em nove de maio de 2002, terminou com empate sem gols. A volta, três dias mais tarde, há exatas duas décadas, foi marcada pela vitória do Guarani por 1 a 0. A chegada no Estádio Sílvio de Faria Corrêa foi com violência. Ônibus com torcedores de Venâncio Aires foram apedrejados pela torcida local e muitos não puderam assistir ao jogo. “O Guarani não ficou campeão por acaso, jogou melhor que o São Gabriel”, avalia.
TÍTULO RECONHECIDO – O regulamento dizia que o campeão gaúcho sairia do interior porque os clubes que estavam na disputa da Copa Sul-Minas, Internacional, Grêmio, Pelotas e Juventude, não participariam do Campeonato Gaúcho. Mais tarde, a Federação Gaúcha de Futebol criou o Super-Campeonato Gaúcho 2002. “O Grêmio entregou a faixa de campeão gaúcho para o Guarani aqui no estádio. Nós temos esse relato na história. Infelizmente, nos canais da Federação Gaúcha, não consta o Guarani como campeão gaúcho”, lamentou.
A faixa que destaca a conquista, instalada na parte alta da arquibancada do visitante, foi feita na gestão de Zecão e traz recordações para as pessoas que passam pelo local até hoje. As orientações de Mano Menezes, treinador na reta final da competição, e as atuações de Bolívar, que mais tarde foi campeão mundial com o Internacional, e Cadu, uma das vítimas na tragédia que envolveu o avião da Chapecoense, permanecem vivas na memória dos torcedores.
A BASE – Zecão atribui parte dos resultados conquistados em 2002 ao trabalho desenvolvido com as categorias de base. Desde o final da década de 90, os diretores do clube apostavam na lapidação dos talentos que surgiam nos campeonatos amadores disputados no interior do município e em garotos que viam o time de Venâncio Aires como uma oportunidade para ganharem destaque no cenário esportivo estadual. Paulo, Roberto, Paulo Renato, Alexandre, Cadu são exemplos que podem ser citados.