História da Festa de São Sebastião: Fé, devoção e alegria, fatos que marcam Venâncio Aires

Conheça a história da festa do santo padroeiro da Capital do Chimarrão

Venâncio Aires já está vivenciando a 147ª Festa de São Sebastião Mártir. O Grupo RVA desenvolveu um projeto de pesquisa sobre a história do evento e do santo padroeiro do município. Através de personagens, que há anos se dedicam e fazem a Festa do Bastião acontecer, fatos representando a fé, a tradição e a história de um povo, são relembrados.

FÉ, DEVOÇÃO E ALEGRIA, FATOS QUE MARCAM VENÂNCIO AIRES

A Capital do Chimarrão realiza desde 1876 a Festa de São Sebastião Mártir. O ano foi marcado pelo lançamento da pedra fundamental da primeira capela em honra ao santo padroeiro de Venâncio. Desde então, a festa tem conquistado um lugar especial no coração da comunidade local e da região, ganhando, a cada ano, maior popularidade. Através da venda das tradicionais galinhadas e pastéis do Bastião, do artesanato, ou até mesmo a roda da fortuna, milhares de pessoas se envolvem e participam das programações religiosas e culturais oferecidas durante os dias de festa, no mês de janeiro.

DA PEQUENA CAPELA À SEGUNDA MAIOR IGREJA EM ESTILO NEOGÓTICO DA AMÉRICA LATINA, HISTÓRIA DA IGREJA DE SÃO SEBASTIÃO

A história da povoação de Venâncio Aires se difunde com a Festa do Bastião. A historiadora Angelita da Rosa, conta que a doação de terras por Brígida Fagundes do Nascimento, devota de São Sebastião, fez com que o município se moldasse aos arredores da Capela. “Esta capela dá origem ao traçado urbano que temos hoje no município. Por isso que nossa igreja está em uma área sozinha e as ruas em volta são cortadas e menores”, explica a historiadora.

A INFLUÊNCIA DE CÔNEGO ALBINO JUCHEM

Conforme o atual pároco de Venâncio Aires, Padre Roque Hammes, apesar da doação das terras ter sido feita por Brígida Fagundes do Nascimento, o projeto de construção da Igreja São Sebastião Mártir sofreu grande influência de Cônego Albino Juchem, que viveu quase toda a sua vida sacerdotal na Capital do Chimarrão. “Ele trabalhou por anos em Venâncio Aires e deu um grande incentivo a devoção e a também as obras materiais e a partir disso, toda a questão das festas que é o meio de manter tudo isso”.

DO PEQUENO GALPÃO AO ATUAL PAVILHÃO DE EVENTOS, A EVOLUÇÃO DA SEDE DA FESTA DO BASTIÃO

Nem sempre a Festa de São Sebastião Mártir teve à disposição o atual pavilhão de eventos da paróquia. Durante anos, as festividades eram realizadas em locais diferentes. José Agnes, que foi festeiro em 1977 e participa há pelo menos 65 anos das festividades, relembra os espaços que foram sedes das programações do Bastião. “A primeira festa que eu fui foi em 1953. Naquele ano foi lá, onde hoje é o atacado Machry, na rua Sete de Setembro, na esquina com a Osvaldo Aranha. Um tempo depois, a festa foi no prédio que funcionava a Tabacos Knies, na esquina das ruas Sete de Setembro e Júlio de Castilhos, já que naquele período os galpões não estavam com fumo. Tenho lembranças também, de quando era um pavilhão de madeira nas proximidades da igreja. Depois construíram onde hoje é o pavilhão da paróquia”, disse Agnes.

A ORIGEM DAS VISITAS DE SÃO SEBASTIÃO ÀS COMUNIDADES

Apesar das festividades acontecerem durante o terceiro fim de semana do mês de janeiro, uma série de atividades antecede a festa. É o caso das peregrinações, que tiveram início em 1977, durante o comando do festeiro José Agnes. A ideia surgiu a partir da redução da participação das comunidades com as ações. “Em uma reunião, o pessoal trouxe para nós que as doações estavam diminuindo. Depois de conversar eu disse que a gente precisava incentivar e chamar a atenção das pessoas. A gente só ia pedir, vender rifa e o Bastião nunca foi visitar as comunidades. Foi quando começaram as peregrinações”, destacou.

CHEGADA DA BÊNÇÃO NOS LARES DOS VENÂNCIO-AIRENSES

Outro momento que antecede a Festa de São Sebastião é a passagem da bandeira com a imagem do santo padroeiro em residências, comércio e indústrias da Capital do Chimarrão. O objetivo da ação é motivar a devoção e abençoar as famílias venâncio-airenses. “Assim como a imagem vai para as comunidades, a bandeira também chega de casa em casa, motivando a participação na festa. O ato também demonstra que São Sebastião está abençoando as casas e as famílias” conta padre Roque Hammes

TRABALHO DE DOAÇÃO E UNIÃO, OS FESTEIROS A EXEMPLO DE SÃO SEBASTIÃO

A Festa de São Sebastião mobiliza centenas de voluntários e parte do trabalho também é realizado pelos casais festeiros. Registros dão conta que há pelo menos 92 edições, uma comissão é escolhida para preencher a função. Elmo Fengler, que por oito anos participou da escolha dos casais, destaca que uma das partes mais esperadas da festa é a busca pelos novos festeiros. “A busca é uma das coisas mais lindas e emocionantes. Em cima do caminhão vão os atuais festeiros, padres, evangélicos, os que escolheram e a banda, com muita música, foguetes e alegria. Quando chega na primeira casa é aquela festa e assim vai juntando os casais. É muito emocionante”

RAINHA DO BASTIÃO, MAIS UM TRABALHO DE LEGADO DA FESTA

Em mais de 25 edições, a festividade contou com a escolha da Rainha da Festa do Bastião. Através de um evento social, de grandes proporções e apreço da população, representantes da comunidade católica eram indicados. A última escolha aconteceu em 2000, quando Roberta Bastos foi eleita para ajudar nos preparativos e divulgar a festa. À reportagem da RVA, a então detentora do título destacou a felicidade em ter feito parte da história do concurso. “A escolha ocorreu no dia 14 de outubro de 2000, na Sercsate. Nosso reinado teve a duração de um ano, embora não tenha sido realizado nenhum concurso posterior. Eu, as princesas Liliana Becker e Elisa Wickert, junto com os padroeiros, trabalhávamos na divulgação da festa e recepção dos participantes, em uma missão de fé e celebração da vida”, relembra Roberta.

DAS NOVAS AS ANTIGAS GERAÇÕES, A DEVOÇÃO POR SÃO SEBASTIÃO

A festa é moldada por muita devoção. Milhares de pessoas participam da missa campal e da procissão, atividades que também marcaram a Festa de São Sebastião Mártir, com muita emoção. Sobre os atos, o Pároco Roque Hammes ressalta que é bastante comum em Venâncio Aires, tendo casos de fiéis que participam de pés descalços ou até mesmo de joelhos.

Entre os fiéis que participam da procissão prestando promessa está Leila Hermes, de 35 anos, que faz parte do momento todos os anos. Nesta edição, Leila fez uma promessa para sua mãe, que passou por uma cirurgia. “Todos os anos eu participo da procissão, porque eu faço promessas e sempre dão certo”, ressalta a devota a São Sebastião.

Frida Schmitz, de 52 anos, também já fez promessas para o padroeiro de Venâncio Aires. Após a cirurgia de um sobrinho, Frida pediu a São Sebastião pela saúde dele e teve sua prece atendida. “Ano passado estava em uma viagem no Rio de Janeiro, quando recebi a notícia que meu sobrinho estava sendo operado. Estávamos em uma igreja que também tinha como padroeiro São Sebastião Mártir. Foi quando nos reunimos e pedimos pela saúde dele. Hoje ele está curado. Somos devotos dele”, disse Frida Schmitz.

Após um grave acidente, em 2014, a venâncio-airense Camila Guterres, de 28 anos, também passou a pagar promessas a São Sebastião. “Eu sofri um acidente de moto, tive a perna quebrada e no mesmo dia passei por uma cirurgia. Com o passar do tempo, tive que fazer outra cirurgia, foi quando me agarrei a São Sebastião. Em um ano voltei a caminhar e desde então acompanho as procissões”, destaca Camila.

As novas gerações também prestam devoção ao padroeiro. É o caso de Kadiny Hertzer, de 18 anos, que após conhecer a história de São Sebastião, passou a fazer promessas ao Santo. “Eu fui batizada na igreja católica, mas não levava a fé como uma ligação forte na minha vida. No ano passado passei no vestibular de história, comecei a estudar sobre o Bastião e foi quando eu conheci a história senti a necessidade de me reaproximar da fé”, disse a estudante.

A procissão de São Sebastião Mártir também atrai fiéis de diferentes cidades do Rio Grande do Sul e da região. É o caso de Catiane da Rosa Leopoldo, de 43 anos, moradora de Bom Retiro do Sul. Ela fez uma promessa pedindo pela saúde do filho. “Meu filho caiu e bateu a cabeça. Estávamos há 25 minutos do hospital. No caminho, pedi ajuda para o meu Bastião, já que sou devota. Foi quando fiz a promessa que se desse tudo certo, eu iria caminhar sete anos na procissão de pé no chão e foi o que eu fiz, porque minha prece foi atendida”, disse a devota.

A procissão de São Sebastião Mártir é embalada pelo hino em honra ao santo. Há 34 anos a festa passou a contar com a canção oficial. Escrito pelo músico Paulo Schonarth, o hino foi composto para um concurso promovido pela Paróquia São Sebastião Mártir, no ano de 1988. Já o lançamento oficial aconteceu no dia 20 de janeiro de 1989. A partir disso, a música passou a ser tema das peregrinações, visitas a comunidades e da tradicional procissão.

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